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Turca Alptekin Cakir (dir) é citada em relatório de comissão independente da Wada
"A corrupção é parte integrante" da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e seus dirigentes "não podiam não saber da amplitude do doping no esporte". As conclusões estão no segundo relatório da comissão independente da Agência Mundial Antidoping (Wada), divulgado nesta quinta-feira.
No documento, divulgado em coletiva de imprensa em Munique com a participação do britânico Sebastian Coe, atual presidente da IAAF, a comissão de investigação considera que a corrupção "não pode ser atribuída somente a algumas maçãs podres que atuam de forma isolada".
O relatório afirma que a IAAF, presidida até agosto pelo senegalês Lamine Diack - Coe era vice-presidente -, também não "foi firme com uma série de países, incluindo a Rússia". O país europeu foi o principal alvo da primeira parte da investigação, que escancarou sofisticado esquema de doping.
O novo relatório aponta também para o papel desempenhado por Lamine Diack e seus filhos, Papa Massata e Khalil: "O Conselho da IAAF (que também tinha a presença do atual presidente Coe) não podia não estar ciente do nível de nepotismo dentro da IAAF", criticou.
"Quando o presidente da IAAF (Lamine Diack, indiciado pela justiça francesa), seu conselheiro pessoal (Habib Cissé, também indiciado), dois de seus filhos em cargos de confiança (Papa Massata e Khalil Diack, ambos empregados pela IAAF), o diretor do departamento médico e antidoping (Gabriel Dollé, também indiciado) e o secretário-geral adjunto estão todos envolvidos em atividades suspeitas ou criminosas, é a reputação da IAAF como um todo que está em posição duvidosa e é esta reputação que precisa ser restaurada", acusa o relatório.
Apesar de tudo isso, Dick Pound, co-autor do relatório e ex-presidente da Wada, definiu Coe como "melhor nome" para estar na presidência da entidade máxima do atletismo e afirmou não acreditar que ele sabia dos casos de doping que foram anteriormente notificados a IAAF - e encobertos.
Após a divulgação da primeira parte do relatório, em novembro de 2015, a IAAF suspendeu a Rússia de toda competição de atletismo, abrindo as portas para a possibilidade dos atletas do país serem proibidos de participar dos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
Em meio a isso, o ex-presidente da IAAF Lamine Diack também está sendo investigado por supostamente ter recebido um milhão de euros (R$ 4,3 mi na cotação atual) como suborno de atletas pegos em exames antidoping.
"Risco de morte" - Em outro capítulo do escândalo, a agência Associated Press obteve uma carta de 2009 em que a IAAF alertava o dirigente russo Valentin Balakhnichev, então presidente da federação local, que os níveis sanguíneos de seus atletas "estava pondo saúde e até vidas em sério perigo".
A agência também noticia que, antes dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, a IAAF propôs à Rússia uma resposta "discreta" ao doping com atletas menos conhecidos do país, que seriam retirados da competição, sem a publicação das sanções, e banidos por dois anos, e não quatro.
O acordo seria "impossível", porém, com atletas de elite, já que sua ausência em competições levantaria suspeitas, logo, o banimento teria que ser público. A IAAF garante, no entanto, que nunca fez, de fato, a proposta.
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