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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

CRISE DURADOURA: PORQUE O FUTEBOL PROFISSIONAL DE MATO GROSSO ACABOU???

Mato Grosso e o seu futebol decadente: Esporte das multidões até o final da década de 1980, não consegue reaproximar clubes e torcedores

Matéria publicada no jornal Folha do Estado, no dia 22 de julho de 2012
ULISSES LALIO
REPORTAGEM LOCAL

A crise no futebol mato-grossense não é segredo para ninguém, mas quais são as causas para o desinteresse do torcedor e para o declínio dos times regionais? Cenário instalado desde o final da década de 1980. Como explicar a lotação dos bares, nos dias de jogos do eixo Rio de Janeiro - São Paulo, contra o pequeno público nos estádios da Capital? O doutor em sociologia, pesquisador na área da sociologia no esporte e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Francisco Xavier Freire Rodrigues, aponta algumas das respostas
Joab Barbalho
Segundo o professor, exitem várias causas que levaram o futebol do Estado a entrar em declinio. "A má administração, por parte dos dirigentes de futebol, é uma das principais razões para os times terem perdido o grande brilho de outrora", disse. Conforme Francisco Xavier, o futebol deve ser tratado como um esporte de massa e por isso os torcedores são, antes de qualquer coisa, consumidores. "Se essa idéia não está bem definida na cabeça dos dirigentes, o futebol de Mato Grosso nunca sairá da marginalidade", afirma.

Com a globalização, o esporte de 'ponta' ganhou maior notoriedade nas grandes redes de TV aberta e pay per view. Os jogos dos grandes centros e o futebol europeu passaram a ser prioridade na transmissão. "Isso levou o torcedor a preferir a comodidade dos restaurantes e bares em detrimento dos estádios sucateados e violentos", conta o pesquisador. "Outra razão para essa crise é o grande número de imigrantes que vieram de outro Estado, desconhecendo a tradição e a história dos clubes regionais, dificilmente irão frequentar o Dutrinha, por exemplo", explica o Francisco.
ATITUDES:
"Os dirigentes precisam para de mendigar dinheiro do Estado, as mídias locais tem que oferecer mais atenção" 
O pesquisador também revelou  algumas ações para solucionar esse problema. "Os dirigentes precisam parar de mendigar dinheiro do Estado, as mídias locais (TV, rádio, jornais) tem que oferecer mais atenção e espaço para os jogos, o marketing tem que ser levado a sério e os clubes necessitam assumir seu papel como empresa, dessa forma o futebol regional terá grande chance de sair do buraco que está".

A reportagem do jornal Folha do Estado perguntou sobre o futuro dos estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014 e o professor que está realizando um estudo sobre a copa do Pantanal, respondeu seguramente que se a atitude dos times regionais não mudar as obras provavelmente se transformarão em 'elefantes brancos'. "Apesar das arenas serem multiuso, construídas para abrigar grandes shows, shoppings e ter a autonomia de 'importar' jogos da seleção, ou de times de fora, essas obras correm o risco de ficar subutilizadas como o ginásio Aecim Tocantins".

No entanto, o presidente da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), Carlos Orione, discorda que a Arena Pantanal irá se transformar em 'elefante branco'. "Hoje o torcedor não vai aos estádios porque todos estão em más condições, mas quando for agradável, e seguro frequenta-los, eles lotarão", afirma o presidente. Para Carlos Orione, a crise do futebol é culpa da falta de investimentos no esporte. As empresas não se interessam, o governo, às vezes tenta ajudar, mas não é suficiente e enquanto isso os times vão se desgastando.

As palavras do professor Francisco Xavier são reafirmadas pela experiente torcedora que é símbolo do Mixto E. C. de 90 anos, a senhora Maria Silva, conhecida como Nhá Barbina. "O jogador de hoje está interessado em dinheiro e mulheres, antes era questão de honra vencer um jogo", conta ela com seu  legitimo sotaque cuiabano. Emocionada, Nhá Barbina conta das aventuras de outros tempos: "Nós mixtenses que já disputamos jogos contra o Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, hoje não sabemos ne o nome dos times vencem do time. O nosso prazer em ver o Mixto ganhar era muito grande e por isso os nossos gritos e musicas eram apaixonados".
NHÁ BARBINA:
"O jogador de hoje está interessado em dinheiro e mulheres, antes era questão de hora vencer um jogo"
Ainda hoje Nhá Barbina não largou a bandeira do seu time querido e nos dias de jogos, o radino de pilha - seu eterno companheiro - rompe o silencio das tardes dessa torcedora que já sorriu e chorou pelo seu time. "Por causa das minhas dores, não posso ir ao estádio, mas enquanto estiver viva gostaria de ter notícias do meu querido alvinegro", explica ela.
Joab Barbalho
Nhá Barbina finaliza apontando uma saída: "Quando os donos dos times começarem a chamar só atletas que estão interessados e que vestem a camisa com responsabilidade, nós os torcedores teremos orgulho em lotar os estádios, comprar camisas e até assinar a carteirinha de sócio".



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